Giuseppe Antonio Landi, o Bibiena do Equador - A Medida do Eldorado. A vida e as proezas dos emiliano-romanholos pelas Américas
 
Giuseppe Antonio LANDI o Bibiena do Equador
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Não te admirais, oh Estudioso de Arquitetura, que aos egrégios modelos dos tantos claríssimos mestres, que aqui te apresento, eu acrescentei alguns meus, porque eu o fiz, não certamente porque eu penso que seja digno de tal comparação, nem que possam ajudar-te, mas para que tu vejas, que aquela estrada, que aos outros indico, aquela é a que eu procuro, e que eu julgo a melhor. Assim, soubesse eu por ela avançar-me, mas não tendo para isso bastante força, gozarei ao ver que tu o farás, onde possa esperar-se, a mercê dos teus estudos, que a Arquitetura abrigue finalmente à antiga gloria. Vive feliz. (Dedicatória de Antonio Giuseppe Landi aos estudiosos de arquitetura em: Disegni di architettura tratti per lo più da fabbriche antiche ed intagliate da Giuseppe Landi)
 
Projetos executados em Bolonha
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Arquiteturas, desenhos e incisões


A arquitetura

Formado pelos ensinamentos dos Bibiena, Giuseppe Antonio Landi encontra uma própria e original via de interpretação da arquitetura, consciente, mesmo num país longínquo das fontes européias, da evolução dos modelos no curso do século.
Os pontos de contacto entre a arquitetura pombalina, amadurecida depois de 1755, e a obra de Landi se manifesta, não tanto através da influência direta de Lisboa, quanto na fonte comum de inspiração da arte italiana já assimilada na arte portuguesa no período preterremoto.
A sua permanência durante três anos em Lisboa e a seguir o contacto com uma realidade cultural e artística completamente diferente do outro lado do Atlântico, teve certamente reflexos sobre a sua arte em relação aos gostos dos comitentes, a mão de obra disponível e aos materiais a sua disposição, refletindo no seu trabalho a profunda relação com a floresta amazônica que teve modo de explorar a fundo.
As suas obras revelam a transposição dos modelos italianos e a utilização de esquemas decorativos comuns na arte italiana aprendidos na Academia Clementina. A pintura de quadratura (o quadraturismo) com as suas perspectivas cobrindo totalmente as partes altas das capelas, característica freqüente da arte bolonhesa, as formas extravagantes ricas de elementos arquitetônicos, parecem ter servido de inspiração para as composições decorativas em estuque e madeira aplicadas nas igrejas de Belém.

A atividade de Landi se desdobra da urbanística até a arquitetura, a pintura de quadratura, aos projetos dos púlpitos, decorações, composições em estuque, até aos aparatos efêmeros e a organização de festas, decoração de livros, ao desenho de mapas.

Do ponto de vista de estilo, as suas obras exprimem, com grande antecedência, os sinais do neoclássico, quando em outras cidades brasileiras ainda está se afirmando o já superado e arrogante barroco. Destaca-se nitidamente da arquitetura lusitana do período representando um interessante fenômeno na história da arte do Brasil.
Landi é protagonista absoluto, como arquiteto e, sobretudo como cenógrafo, da reforma urbana da cidade de Belém, transformando-a na capital cultural da Amazônia.

Ele desenha o cenário sobre o rio Guamá, projetando e realizando o centro representativo do poder político, religioso e militar. Enobrece os palácios e as igrejas com a simplificação dos caracteres compositivos.

Entre os anos Sessenta e Setenta do século, se concretiza a maior parte de suas obras: o Palácio dos Governadores do Grão Pará e o Hospital Real Militar (hoje Casa das 11 janelas) testemunham a opção de Landi de privilegiar as linhas geométricas sobre as formas, assim como a sua original expressão se distingue nas igrejas de N. Sra. das Mercês, N. Sra. Dos Homens Pretos, N. Sra. do Carmo, de S. João Batista - provavelmente sua obra-prima - na igreja de Santana onde é clara a influência da cultura bolonhesa, e na obra de conclusão da Catedral da Sé.


Desenhos e gravações

O acadêmico Marcello Oretti , no fim dos anos Setecentos recorda que Giuseppe Antonio Landi: “ Esculpiu em cobre um livro com o título, Raccolta di alcune facciate di Palazzi, e Cortili dei più riguardevoli di Bologna. In Bologna nella Stamparia di Lelio della Volpe dedicate al Signor Senatore Ascanio Orsi”. Esta é a sua primeira obra, realizada provavelmente depois de 1743 pois nas advertências aos leitores, rende homenagem à memória de seu mestre Ferdinando Bibiena, morto naquela data.

Até a nota do Instituto de Ciências e Artes, datada 1747, para a nomeação de Landi entre os acadêmicos de número, relata como: : “Este é desenhador arquiteto, e deu para imprimir poucos anos atrás, desenhos de arquitetura muito exatos…”. De fato Landi será conhecido em Bolonha, mais pelas suas qualidades de desenhador que de arquiteto e é por essa sua primeira função que foi recrutado para a expedição na colônia do Brasil. As palavras de Giampietro Zanotti, biografo dos acadêmicos, elogiam suas habilidades “..que maravilhosamente desenha e que pode-se dizer ser o seu deleite...”.

A sua atividade de desenhador e gravador compreende um discreto número de trabalhos, vários dos quais se encontram na Biblioteca Municipal do ’Archiginnasio’ de Bolonha. Muitos deles deveriam fazer parte da publicação de um segundo volume de Igrejas e Palácios

“…todas com suas plantas, com os cortes, os perfis, e as fachadas também, não somente das construções, que estão nas cidades, mas daquelas espalhadas pelo Território, onde muitas que se vêem são antigas e lindissimas ”.

Uma outra coletânea de incisões encontra-se no volume ”Disegni di architettura trati per lo più da fabbriche antiche e intagliate da G.L. ”, sem data, com uma relação de nomes ilustres da arquitetura italiana dos séculos XVI e XVII, entre os quais Raffalello, Michelangelo, Palladio, Vignola, Domenico Tibaldi, Floriano Ambrosini, Camillo Arcucci, Giovanni Battista Crescenzi, Pietro da Cortona, Bernini, Borromini e ainda um dos seus mestres Francesco Bibiena.

Também de Landi são as incisões da igreja Metropolitana de Ravena na reconstrução do arquiteto Gianfrancesco Buonamici, da qual foi impressa a primeira parte em 1748 e a segunda em 1754, depois da sua partida.

Na National Art Gallery de Washington é conservado um pequeno álbum de “ Algumas perspectivas desenhadas e esculpidas por Giuseppe Antonio Landi e por ele mesmo dedicadas à gloriosa Madre Sant’Anna sua particular avocada ” no qual aparecem também as representações cenográficas com visão de esquina teorizadas por Ferdinando Bibiena.

Ao Papa Benedeto XIV é dedicada uma grande composição de um imponente Arco Triunfal. A esta obra se inspira um álbum muito importante, conservado na British Library de Londres, de 47 desenhos feitos com nanqium, realizado durante a sua permanência em Lisboa e dedicado à memória do defunto rei D.João V e à exaltação do novo monarca D. José.