Quando Giuseppe Antonio Landi chegou, a cidade de Belém, fundada em 1616 próxima a foz do Rio Amazonas e às margens do rio Guamá, já está definida urbanisticamente.
Surgem os principais edifícios religiosos com as igrejas e os conventos dos jesuítas, franciscanos e carmelitas, enquanto a Catedral e a igreja das Mercês estão em construção, a sede do poder civil com o palácio dos Governadores, as fortificações para defender a cidade com os Fortes do Presépio, S. Pedro Nolasco e N. Sra. das Mercês da Barra.
Poucos anos antes, Charles-Marie de La Condamine em 1745 assim escrevia no seu diário: “Ao chegar ao Pará, saindo das florestas da Amazônia, pensávamos ter sido transportados para a Europa. Encontramos uma grande cidade, ruas bem alinhadas, casas vistosas, a maior parte das quais construídas nos últimos trinta anos, de pedra e alvenaria, além de igrejas magníficas”.
No século XVIII, a partir do inicial conjunto de construções militar e religioso, da Cidade Velha e do Forte do Presépio, se esboça a “Belém Pombalina” (a cidade do comércio que no fim dos anos Oitocentos será completada com a arquitetura de ferro do Ver-o-Peso, a Rua dos Mercadores, o Teatro da Paz, etc.). São os anos das fortunas nascidas das rendosas culturas de cacau, especiarias, cana de açúcar, algodão que consentem uma grande disponibilidade de capital destinado aos espaços públicos e a arquitetura.
Realiza-se assim um prosseguimento da antiga instalação militar, a área do centro histórico, com suas igrejas, o Palácio dos Governadores, a área do Comércio e Mercado: um espaço urbano obtido subtraindo uma larga nesga de terreno das margens do rio Guamá.
Giuseppe Antonio Landi é o principal protagonista de um conjunto de obras que constituem uma das heranças mais significativas do período colonial. O arquiteto bolonhes se integrará totalmente à Belém, tornando-se o artífice da cidade. Ele vai idealizar a cidade vista do rio projetando-a e realizando-a como centro representativo do poder político, religioso e militar que deveria caracterizar Belém como capital cultural da Amazônia.
A obra de Landi numa Belém setecentista destaca-se muito claramente da arquitetura lusitana do período que viu afirmar-se o barroco português e o rococó nas construções religiosas e civis. Ele imprime na cidade um caráter decididamente italiano antecipando de alguns decênios aquele estilo neoclássico que vai se impor no Brasil a partir de 1816 com a chegada no Rio de Janeiro do arquiteto francês Auguste Grandjean de Montigny ..
Quando morreu Giuseppe Antonio Landi, o elogio fúnebre de Domenico Pio lembra como:
” …E’ esta uma província do Brasil, que tem por capital a cidade do Fará. E’ situada na embocadura do grande rio Maranhon, ou seja, das Amazonas. As suas estradas são retas, as casas bonitas, e as igrejas magníficas. A baunilha, o cacau, e o açúcar são o objeto do seu Comércio. Não devemos assim nos admirar se o Landi, ocupado em importantes negócios públicos e domésticos, se esqueceu da Pátria, e para ela nunca mais voltou ”.