Não te admirais, oh Estudioso de Arquitetura, que aos egrégios modelos dos tantos claríssimos mestres, que aqui te apresento, eu acrescentei alguns meus, porque eu o fiz, não certamente porque eu penso que seja digno de tal comparação, nem que possam ajudar-te, mas para que tu vejas, que aquela estrada, que aos outros indico, aquela é a que eu procuro, e que eu julgo a melhor. Assim, soubesse eu por ela avançar-me, mas não tendo para isso bastante força, gozarei ao ver que tu o farás, onde possa esperar-se, a mercê dos teus estudos, que a Arquitetura abrigue finalmente à antiga gloria. Vive feliz.
(Dedicatória de Antonio Giuseppe Landi aos estudiosos de arquitetura em: Disegni di architettura tratti per lo più da fabbriche antiche ed intagliate da Giuseppe Landi s.d. B.C.A.B.).
Entre o fim de 1500 e a metade de 1800, a ordem do Novo Continente mudou radicalmente: o passado precolombiano foi definitivamente cancelado, as colônias floresceram e decaíram, se desencadeia a luta pela independência e, do espólio das posses espanholas e portuguesas, surgem repúblicas soberanas. Ao mesmo tempo, num plano simbólico, o nome com o qual Espanha e Portugal tinham batizado os próprios domínios no Novo Mundo, ou seja, “Índias Ocidentais”, muda finalmente para “América Meridional”.
No mesmo período, os conhecimentos geográficos e biológicos passam de um estado insipiente (que se estende até o fim de 1700) aos progressos oitocentescos. Na Itália, a história da América Meridional é pouco conhecida e não menos desconhecidos são aqueles italianos que, no curso dos séculos, contribuíram para forjá-la.
O nosso personagem, juntamente com vários outros protagonistas emiliano-romanholos, constitui um caso emblemático: de um lado exemplifica a contribuição dos nossos compatriotas ao progresso do Novo Continente, de outro, traz a luz o grau de desinteresse e ignorância com o qual foram e são tratados na própria pátria.
Giuseppe Antonio Landi, conhecido como o Bibiena do Equador, foi o principal artífice, em terras brasileiras, do encontro de duas tradições culturais: aquela dos anos Setecentos bolonhês e aquela da Amazônia lusitana, entrelaçando sua vida com os acontecimentos das colônias portuguesas ultramarinas. Landi leva para o Brasil um maneirismo que preanuncia o neoclássico com influxos de um barroco que alguns historiadores chamam “estilo pombalino”. Podemos portanto reconhecer-lhe o mérito de ter continuado, depois do que aprendeu com os Bibiena, por uma sua própria e original estrada de interpretação das estruturas arquitetônicas, consciente, mesmo longe das fontes européias, da evolução dos modelos no curso do século.
Praticamente desconhecido na Itália, é, no entanto a gloria da cidade de Belém.